Trilha dos Inconfidentes
Alto Paraopeba | MG
Fundação: 20 de dezembro de 1713
Coord.: 20° 40’ 15” S, 44° 03’ 57” O
Altitidude: 1.283 m
Clima: tropical de altitude
Área: 456.796 Km²
População: 14.746 hab
Densidade pop. 32,28 hab/ km²
IDHM: 0,672 (PNUD/2010)
Municípios limítrofes: Casa Grande,
Desterro de Entre Rios, Jeceaba,
Lagoa Dourada, Queluzito, Resende
Costa e São Brás do Suaçuí.


Entre Rios de Minas é um nome bem descrito: a cidade está localizada entre os rios Camapuã e Brumado. O nome original, inclusive, significa “engano” e reflete a insatisfação dos bandeirantes, que chegaram à região no século XVII, frustrados por não encontrarem ouro e esmeraldas.
Entre Rios de Minas também é o local onde se encontra o Fortim dos Bandeirantes, conhecido hoje como Casa de Pedra do Gambá, um importante sítio histórico. Além disso, a cidade é o berço do famoso Cavalo Campolina, uma raça histórica, criada pelo fazendeiro Cassiano Campolina após uma derrota durante uma cavalhada diante de Dom Pedro II.




Serra do Camapuã, Entre Rios de Minas
CAMPOLINA, AS ORIGENS DE UMA RAÇA FORTE

Hoje, o cavalo Campolina destaca-se pelas suas formas harmônicas e estrutura óssea que favorecem o seu andamento. Seu formato é caracterizado pela cabeça proporcional ao pescoço, garupa ampla e dimensão quadrada.
De origem brasileira, o cavalo Campolina é uma raça, cuja história nasce em Entre Rios de Minas. Em 1870, durante a inauguração da Linha Férrea de Queluz, o fazendeiro Cassiano Campolina, até então invicto, perdeu uma cavalhada, representação folclórica de batalhas entre mouros e cristãos. A derrota diante de Dom Pedro II fez com que Campolina ficasse ainda mais insatisfeito com o resultado, o que o levou a investir ainda mais e a fundo na prática genética de raças mais fortes e altas de cavalos.
Com o objetivo de criar cavalos ainda mais ágeis e evitar derrotas futuras, uma mistura de raças foi feita até chegar ao que hoje se conhece do cavalo que leva o nome do seu idealizador.
Estima-se que o processo levou cerca de 30 anos, com éguas selecionadas sendo introduzidas a um garanhão da raça Andaluz. Anglo-normando, Mangalarga Marchador e o Puro Sangue Inglês são alguns exemplos do cruzamento durante o processo que, no início, levou a resultados insatisfatórios e proporções desiguais dos cavalos.
Na fazenda do Tanque, em Entre Rios de Minas, Cassiano Campolina, até o seu falecimento, continuou a fazer testes para apurar a raça.


SANTA MANOELINA, SANTA DA PEREGRINAÇÃO
Manoelina Maria de Jesus, conhecida popularmente como “Santa” Manoelina dos Coqueiros, é sinônimo de fé e milagre em Minas Gerais. Embora sua devoção se estenda por todo o Estado, é em Entre Rios de Minas, a cerca de 12 km do antigo povoado de Coqueiros, que o fervor por Santa Manoelina se torna mais intenso. Chamada de “Santa” pelo próprio povo de Entre Rios, que a declarou assim, ela não é oficialmente santa pela Igreja.
Nos anos 1930, a história de Manoelina mudou completamente. De simples moça de Coqueiros, tornou-se uma grande realizadora de milagres. Seu nome se espalhou por toda Minas Gerais e ficou conhecido em todo o Brasil e no exterior, com menções em diversos jornais.
Enfermos de todos os cantos do Estado peregrinavam até sua região.
Caminhões e carros abarrotados de romeiros invadiam o povoado. A busca pela cura por intermédio de Manoelina era imensa, seja por benzimentos, água benta, orações ou queima de cartas. Assim, Santa Manoelina se tornou, então, um dos principais nomes entre as taumaturgas.
O direito de continuar com suas bênçãos lhe foi retirado quando a opinião pública e o desconforto com a devoção em massa em torno de Manoelina aumentaram. O que a impediu de seguir em Entre Rios de Minas foram a Igreja e os coronéis donos de terra, que ficavam incomodados com o volume da multidão. Proibida de receber visitas, foi presa durante uma viagem a Belo Horizonte. Manoelina Maria de Jesus faleceu vítima de anemia profunda, aos 49 anos, em Crucilândia, MG.
Hoje, as peregrinações para a região de Entre Rios de Minas continuam, especialmente nos dias 14 de setembro (data de seu
nascimento) e 14 de março (data de seu falecimento).
Esse último ficou conhecido como “Dia Comemorativo em Homenagem à Manoelina”, instituído pela Lei nº 1.944/2022.
É no final de semana dessa data que acontece a tradicional caminhada, quando, entre orações e cantigas, fiéis se deslocam até a casa onde viveu a Santa dos Coqueiros, passando pela praça onde se encontra uma estátua de Manoelina. Está sendo aberto um caminho de peregrinação na região de Entre Rios de Minas a Crucilândia por meio da Governança Manoelina dos Coqueiros, que inclui diversos atores que acreditam na difusão cultural de sua história

Reza a história que a Santa dos Coqueiros se alimentava muito
pouco, vivendo apenas de água que se transformava em vinho após as orações que fazia.

Em cada povoado, há vestígios de um tempo que não passou. As casas de paredes grossas, com varandas cheias de plantas e janelas de madeira abertas para o mundo, guardam as histórias dos antigos moradores.
Um caminho pelas minhas origens
Este caminho passa pelo berço da minha família. Meus pais nasceram em Resende Costa e seus antepassados contribuíram para a construção da história dessa cidade. Então, percorrer este caminho é de um resgate muito poderoso. Além disso, caminhar pelo interior de Minas Gerais é como atravessar um portal do tempo, onde cada passo nas trilhas e estradas de terra me aproxima das minhas raízes, dos meus ancestrais e das histórias que moldaram quem sou. Não se trata apenas de uma jornada física, mas de um mergulho em memórias antigas que se revelam a cada curva e subida íngreme. Caminhar por estas terras, que passam por cidades ligadas à minha origem, incluindo o berço dos meus pais, é um convite para revisitar o passado, sentindo a presença de quem já caminhou por aqui antes de mim.
Cada esquina é uma página de um livro empoeirado, onde os personagens são os senhores que sentam em frente às vendas e as senhoras que ainda cozinham em fogões à lenha. Aqui, o tempo parece ter um compasso diferente, e a minha caminhada pelas trilhas se torna uma forma de me sintonizar com esta cadência tranquila.
Passo por igrejinhas construídas com pedras e cal, onde o sino, quando bate, ecoa por todo o vale. Essas pequenas capelas carregam a fé e a devoção que moldaram gerações. Nelas, posso sentir a energia dos que oraram por melhores colheitas e pelos que partiram em busca de novos horizontes. Cada passo que dou é como uma reverência aos antepassados, aos mineiros que construíram esta terra com as mãos calejadas e o coração cheio de esperança.
Nas trilhas de terra vermelha, sinto que estou trilhando o mesmo solo que meus antepassados percorreram movidos por sonhos e desafios. Há uma sensação profunda de pertencimento ao caminhar por estes vales e montanhas, uma certeza de que, e alguma forma, estou reencontrando uma parte de mim mesmo.
Cada cidade tem uma história diferente para contar, mas todas estão ligadas por um fio invisível que une os mineiros na simplicidade e na resiliência.











Não importa se você percorre este caminho andando ou em duas rodas. A aventura está garantida e você irá viver emoções inacreditáveis nos Caminhos de São Tiago.