Resende Costa

Trilha dos Inconfidentes
Campo das Vertentes | MG
Fundação: 2 de junho de 1912
Coord.: 20° 55’ 19” S, 44° 14’ 16” O
Altitidude: 1.140m
Clima: tropical de altitude
Área: 618.310 Km²
População: 11.230 hab
Densidade pop.: 18,16 hab/ km²
IDHM: 0,685 (PNUD/2010)
Municípios limítrofes: São Tiago,
Ritápolis, Lagoa Dourada, Entre
Rios de Minas, Desterro de Entre
Rios, Oliveira, Passa Tempo
e Coronel Xavier Chaves.

Reconhecida como a Capital Nacional do Artesanato Têxtil, Resende Costa é um referencial histórico que vai além dos tecidos. Sua formação começou por volta de 1749 com a construção de uma capela no então conhecido Arraial da Laje. As casas foram surgindo ao redor da capela, hoje Igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha de França.
Seu nome é uma homenagem a José de Resende Costa Filho, um dos inconfidentes da Conjuração Mineira, que fez importantes doações para a região. A produção têxtil é a principal atividade econômica e cultural de Resende Costa, atraindo visitantes de todo o Brasil para suas lojas de artesanato e atrações naturais.

O tear e arte de tecer cultura

Resende Costa foi oficialmente reconhecida como a Capital Nacional do Artesanato Têxtil em 2021 pelo Governador Romeu Zema. Esse título reflete a riqueza e diversidade da produção têxtil, que é a principal atividade econômica e cultural da cidade. A oficialização fortaleceu a identidade de Resende Costa, destacando-a em Minas Gerais e no Brasil, além de impulsionar o turismo e a visibilidade midiática da região.
O tear manual, composto por dois rolos de madeira, permite ao artesão criar peças de tecido originais e únicas. Esse instrumento essencial destaca a tecelagem de Resende Costa devido à sua longa e rica história, profundamente enraizada na cultura local.
A jornada do tear no Brasil começou no período colonial durante a Inconfidência Mineira no século XVIII. Inicialmente, todos os tecidos eram importados da Inglaterra, e o uso do tear foi proibido pela Coroa Portuguesa. No entanto, foram os próprios colonizadores portugueses que introduziram os primeiros teares no Brasil. Os escravizados utilizavam os teares, sob os comandos de famílias portuguesas, para a confecção de peças para os que não tinham poder econômico para a importação dos tecidos.
Com o tempo, a chegada de mais artesãos europeus na Colônia impulsionou a expansão das atividades têxteis pelo território, alcançando até mesmo as aldeias indígenas. Onde hoje é Resende Costa, essa prática se tornou a principal fonte de renda da região. Além disso, mulheres, donas de casa, começaram a utilizar os teares, aumentando ainda mais a popularidade dessa atividade.
Mas é nos anos de 1980 que a tecelagem de Resende Costa começa a ganhar força comercial definitiva no Brasil. O asfaltamento das vias da cidade facilitou o transporte das peças produzidas pelos moradores, já imersos na atividade, e atraiu visitantes, incluindo turistas, empresários e interessados em aprender mais sobre a tecelagem.
Hoje, Resende Costa é um importante centro de produção têxtil, com cerca de 80 lojas dedicadas à arte do tear, segundo a página oficial do município, movimentando cerca de seis milhões de reais por ano (dados de 2021).
Resende Costa é uma experiência que tece história, cultura e arte em cada peça produzida. Encante-se com a magia dos teares e descubra a alma dessa cidade que pulsa no ritmo da tradição!

O mais belo pôr do sol

Depois de uma caminhada de quase 30 quilômetros, meus pés encontram repouso no solo de Resende Costa. O cansaço da caminhada parece se dissolver enquanto me sento “nas lajes” da cidade, nome dado ao paredão de pedra no qual boa parte da cidade foi construída.
Enquanto espero o momento mágico de o Sol se pôr, admiro a mata e as montanhas sobre as quais tenho me debruçado nos últimos dias.
Enquanto o céu começa a tingir-se de um dourado profundo, penso em como é poderoso admirar o encerramento do dia, agradecer pela dádiva da vida e perceber que o seu dia não foi em vão. Ao erguer o olhar, percebo que o pôr do sol daqui é como uma bênção silenciosa, e é essa explosão de cores que me mostra a grandeza e a simplicidade da vida.
Sinto-me privilegiado por ter chegado a tempo para este espetáculo natural. Mesmo que o percurso não tenha sido tão desafiador, sinto como o mais belo pôr do sol se o universo tivesse se encarregado de cada passo para me guiar até este momento com a tarde de céu claro. À medida que o caminho acontece, ficamos também mais sensíveis a situações como esta.
Cada raio que toca o horizonte é como uma prosa de memórias e traz à tona a sensação de liberdade e pertencimento – e realmente me sinto deste lugar. O Sol se despede, mergulhando atrás das montanhas, e deixa em seu rastro a serenidade e o acolhimento. É como se a natureza me entregasse um prêmio ao final de mais um dia de peregrinação, um prêmio pelo esforço, pela persistência e pela escolha de estar aqui, inteiro, vivendo o agora.
E quando percebo que o último ponto de luz se foi, resta-me a certeza de que esses momentos realmente são eternos.

A hospitalidade é algo que se repete por onde passo.
Por aqui, receber bem não é uma formalidade; é um ato de generosidade genuína.
Não importa a casa, cada morador tem prazer em receber, em oferecer o que tem de melhor
e em fazer do momento algo especial.